Todos nós de alguma maneira já enfrentamos momentos de tristeza, angústia, medo, ansiedade e aflição na alma, sentimentos esses que a depender das circunstâncias que os cercam e da intensidade das dores emocionais geradas, muitos chegaram até a desejar desistir da vida e dos sonhos, e em alguns casos mais graves, por fim a sua peregrinação terrena. Em via de regra, quadros emocionais como esses, desde que não seja algo patológico, o que demanda um acompanhamento médico ou terapêutico, são perfeitamente comuns na vida de muitos de nós. O grande problema é o mito que se está tentando construir em nossa sociedade, o da falsa ideia de que a felicidade é a ausência de problemas, sofrimentos, desafios ou dificuldades, e isso em parte, é reflexo de uma construção cultural onde praticamente não somos ensinados a lidar com perdas, mudanças, divergências, crises ou situações que aparentemente estão fora da “normalidade” e da nossa vontade, a exemplo da maneira como a maioria de nós encara a morte, uma perda ou enfermidade. Sempre tendemos a resistir, a não aceitar, ou buscar desesperadamente por uma resposta ou alívio para os dilemas apresentados pela vida. Normalmente queremos entender “o porquê” daquilo, que aos nossos olhos é negativo, e porque está acontecendo justamente conosco.
Contudo, primeiro devemos compreender que situações de abandono, falta de reconhecimento, desprezo, ingratidão, a morte de um ente querido, uma perda financeira, aparentes fracassos profissionais, enfim situações que nos levam a quadros depressivos, são fatos nos quais, nós como humanos estamos sujeitos a enfrentar. É justamente a resistência em aceitar essas situações como fatos reais e que precisam ser encarados com humildade, paciência, discernimento, resignação e disposição que nasce a dor. A resistência gera aflição, ansiedade, medo, desespero, insegurança, incerteza no amanhã, isso é o que chamamos de sofrimento e mais vulgarmente de depressão. Todavia, devemos compreender como o Ap. Paulo que disse “todas as coisas cooperam para o bem” e como bem frisou Chico Xavier, neste ponto comungo com o escrito “não há nada na matemática do universo que aconteça sem um propósito”, por isso devemos encarar as situações aparentemente desesperadoras sem medo, com coragem, fé, esperança e amor.
Num segundo momento devemos olhar a raiz básica de grande parte de nossas crises ou dores, que é a resistência a mudança nos quadros ou cenários que afetam substancialmente a nossa estabilidade, segurança nos forçando a tomar novos rumos na vida. O novo assusta, traz incerteza, gera agitação emocional (um novo emprego, divórcio, morte, uma doença, desemprego). Dissertando brilhantemente sobre o tema, o psiquiatra M. Scott Peck, em seu Livro ‘A Trilha Menos Percorrida’, esclarece:
“a essência da vida é a mudança, ao se evitar a experiência da morte e da mudança, deixamos de lado o crescimento e a evolução espiritual. Escolhemos uma vida de mesmices, livre do novo, do inesperado, uma morte em vida, uma ausência de riscos ou desafios, já afirmei que a tentativa de evitar o sofrimento e a dor é a origem de toda doença emocional. A capacidade de sofrer e renunciar talvez seja a melhor medida da grandeza de uma pessoa. Assim se nosso objetivo é evitar a dor e fugir do sofrimento eu não o aconselharia a buscar níveis mais elevados de consciência ou evolução espiritual, por que nunca atingiremos níveis mais elevados de crescimento sem dor. Como seres humanos mentalmente sadios devem crescer, e a renúncia ou perda da antiga personalidade é uma parte integrante do processo de crescimento mental e espiritual, a depressão é uma ferramenta basicamente normal e saudável. O que faz com que os períodos de transição nos ciclos da vida se transformem em crises, isto é em etapas dolorosas e problemáticas, é o fato de ter que renunciar velhos conceitos, maneiras antigas de agir e fazer as coisas, rever erros, enfim mudar, é isso que gera dor”, pags. 76, 77, 83 e 141.
A verdade é que temos dificuldades de aceitar os fatos, encarando-os como lições preciosas pelas quais nós, sabe lá por que, somos submetidos a passar. A vitimização não é um caminho saudável, isso porque, culpar a vida ou pessoas pode criar uma imagem de auto piedade, prejudicial ao processo de crescimento, além de nos cercear a oportunidade pedagógica e terapêutica do sofrimento. Nosso Maior Mentor, Jesus, disse que no mundo teríamos aflições, mas que tivéssemos bom ânimo, por que Ele venceu as D’Ele e nós venceríamos as nossas. Veja que Ele sendo a Encarnação da Vida, do Logos, enquanto peregrinou entre nós, vivenciou situações conflituosas, foi visto como beberrão e comilão, enganador do povo, amigo de publicanos e pecadores, chegaram até a acusá-Lo de que tinha pacto com “belzebu”, a verdade é que Jesus tinha uma imagem pública horrível. Mas foi um pioneiro no caminho da iluminação espiritual, demonstrando com Sua vida, cheia de conflitos, incompreensão e incertezas, ser possível viver intensamente, mesmo cercado de situações aparentemente desesperadoras.
Aceitemos os fatos da vida sem medo, com otimismo e fé, olhando-os como Jesus, quando questionado pelos discípulos acerca de um cego, se aquela cegueira era em virtude dos pecados do cego ou dos seus antepassados, Jesus disse: “nem ele pecou, nem seus pais, mas foi para que se manifeste nele o Poder de Deus”, João 9:1-3. Aproveitando cada oportunidade para extrair lições preciosas, encarando-as como desafios que provam a nossa fé, ampliam nossos limites, nos levam a reflexão para correção de possíveis erros. Estejamos abertos a mudanças, quando ousamos fazer coisas que não estamos acostumados a fazer, mudamos. A experiência da mudança, da atividade nova, de fazer coisas diferentes, é assustadora e sempre será. Dispostos a crescer e a respeitar a decisão dos outros, dispostos a enfrentar dificuldades sem medo, pois coragem não é ausência de medo, mas agir, apesar do medo. Por tudo isso digo: não tenhamos medo da vida, o sofrimento é saudável, quando observado pelas lentes dos olhos de Jesus.
Por Pr. Jean Lima
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